sábado, 25 de agosto de 2007

A simplicidade e a alta pregnância do papel frente à caneta esferográfica, ao grafite, saciam a voracidade das mãos, ansiosas pela execução das sugestões da imaginação. Somente por meio de um apalpar, de uma fisicalidade das coisas, a mão se realiza - desenha, corta, emerge, recorta, destrói, reconstrói. Ela é movida por um impulso primário (alimentado por acrobacias o máximo palpáveis), que dá o embalo para as primeiras pedaladas expressivas que, por sua vez, geram novos impulsos e recebem outras novas sugestões. O processo, o mais elementar possível, insere a mão e a imaginação em um percurso de criação compulsivo. Ao brilhar o olhar da imagem, a madeira a recebe em berço esplêndido e carinhosamente se propõe a uma conversa ao pé de ouvido. E daí então, momentos de voltas, de vem, de contato, de sulcos, a intuição capitaneia do mais alto ponto do navio um diálogo entre as vontades, sensibilidades, coragens, afetividades, eficácias do artista e da matéria.

Um comentário:

Raíssa Machado disse...

Tales, quero escrever feito você.
Vê se me inspira mais pra outros livros... Os seus textos são ótimos!
Obrigada e Parabéns pela sua arte,
Raíssa.